segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Reflexão noturna

A baixa auto-estima está relacionda ao método de criação perpetrado pela mãe.
Se esta exagera na proteção ao filho, agindo de maneira incosciente a mantê-lo próximo, estará provocando nele uma atrofia em seu desenvolvimento. Visto que é ela a responsável pelo seu primeiro contato com o mundo (?).
Acredito que o desenvolvimento de uma oscilação no ego deste indíviduo seja proveniente deste tratamento.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Pai

Assistindo à uma entrevista do Antônio Abujamra em provocações, deparo-me com a seguinte homenagem a Mário Chamie:

Abujamra - Mário, você considera que ser pai é dominar a arte de ser desnecessário?

Chamie - Mais do que desnecessário; descartável o quanto antes; não atrapalhar o destino dos filhos; os filhos devem ser independentes e autônomos; os pais devem oferecer os elementos básicos para uma vida digna e uma vida que mereça ser vivida. Fora daí, os pais tem que sair do cenário; pai é sinônimo de descartável; todo pai é autenticado no dia do nascimento do filho como um jurássico, um pré-histórico, ele tem que criar o seu destino em busca não mais da terceira idade, mas da idade digna das homenagens que é na idade em que eu me encontro.

http://www.tvcultura.com.br/provocacoes/programas/1585

sábado, 1 de outubro de 2011

Father Forgets

Um texto de W. Livingston Larned

"Falo-te enquanto dormes, a mãozinha encolhida debaixo do rosto e o cacho louro úmido, caído sobre sua testa. Penetrei no teu quarto às escondidas e inteiramente só. Há poucos minutos, quando, no meu gabinete, lia o jornal, uma onda de remorso tomou conta de mim. Reconhecendo-me culpado, vim para o teu lado.

Vou dizer-te, filho querido, sobre o que estive pensando: tenho sido exigente demais contigo. Repreendo-te, quando te estás vestindo para a escola, porque passaste no rostinho apenas uma toalha úmida. Censuro-te porque os teus sapatinhos não estão limpos. Chamo tua atenção, com aspereza, quando jogas alguma coisa tua pelo chão.

No café encontro faltas ainda. Desperdiças as coisas. Comes apressadamente. Pões os teus cotovelinhos na mesa. Passa manteiga demais no pão. Passo todo o tempo a ralhar contigo, meu filhinho. E quando saes para brincar e eu vou para tomar meu trem, levantas a mãozinha, acenas um gesto de amizade e dizes: 'Até logo, papai'!, e eu, na eterna ânsia de repreender-te, franzo a testa e digo-te: 'Endireita os ombros!'

E quando regresso à tardinha recomeço a minhas exigências. Quando subo a estrada venho espiando-te. Vejo-te, de joelhos, jogando gude com os teus amiguinhos. Descubro buracos nas tuas meias. Diante dos teus companheiros, humilhei-te dando-te ordens para seguir à minha frente para casa. As meias custam muito dinheiro. Se tivesses que pagar por elas saberias ser mais cuidadoso! Imagina só, filhinho adorado, tudo isto dito de um pai para um filho!

Lembras-te de mais tarde, quando eu estava no gabinete lendo, como vieste, timidamente, com uma espécie de mágoa brilhando nos teus olhinhos? Quando olhei para o jornal, aborrecido com a interrupção, hesitaste na porta. "Que queres?", disse eu intempestivamente.

Não disseste uma palavra sequer, mas correste para mim, passaste os braços no meu pescoço, beijaste-me, e os teus bracinhos apertaram-me com um afeto que Deus colocou fluorescente no teu coraçãozinho e que mesmo com toda a minha negligência não pode fenecer. E, então, foste aos pulos, escada acima.

Bem, meu filho, pouco depois disto o jornal caiu das minhas mãos e um receio doentio invadiu-me inteiramente. Que vantagens para mim vinha ensejando o meu modo de tratar-te? Descobrir tuas faltas, repreender-te pelas mínimas coisas - era a minha recompensa para ti, meu filho, por seres uma criança. Não era porque eu não te amasse; era porque eu queria exigir demais da tua infância. Eu te estava medindo com as jardas dos meus próprios janeiros.

E no teu caráter há tanto de bom, de fino de verdadeiro! O teu coraçãozinho é tão grande como a própria aurora quando desponta sobre as grandes montanhas. Melhor demonstração de tudo isto não podias dar do que, apesar de tudo e depois de tudo, correndo para mim e beijando-me carinhosamente ao dizer-me boa noite. Filho, nada mais importa hoje à noite. Vim para o teu lado, no escuro, ajoelhei-me envergonhado!

Esta é uma fraca reparação; sei que não entenderias estas coisas se eu as dissesse quando estivesses acordado. Mas, filho adorado, amanhã eu serei um verdadeiro papai! Serei um companheiro teu, sofrerei quando sofreres, rirei quando rires. Morderei minha língua quando vierem palavras impacientes. Conservar-me-ei repetindo como se fosse um ritual: 'O meu filhinho nada mais é que uma criança - uma pequena criança!'

Estou receoso de te haver encarado como um homem. Entretanto, quando te vejo agora, filho querido, todo encolhido, e despreocupado na tua caminha, vejo que ainda és uma criança. Ontem estavas nos braços de tua mamãe, a cabecinha recostada no seu ombro.

Eu estava exigindo demasiado de ti. Muito. Muito."