quinta-feira, 15 de abril de 2010

A nova religião do Homem

A humanidade não pode viver sem o bem. Faz parte de sua integridade querer o bem. Platão já dizia: “O mal existe, isso é inegável, pois é o contrário do bem”. Portanto, sua necessidade a faz se sentir leve e aceita por todos. O homem gosta de se sentir inserido, aceito, protegido no calor de familiares, amigos, da comunidade. Exercendo o mal, por mais que ele insista, ele só irá se distanciar de tal fenômeno. Esse fenômeno gera um sentimento de paz, leveza, ternura, relaxamento.

É esse mesmo sentimento que acredito ser provocado pela aceitação da Religião. Acreditando em Deus e seu filho, Jesus Cristo, como também em outros ícones milagrosos, o homem se sente protegido, seguro de um futuro incompreensível e incerto.

Admiro como a religião e a crença em deus conseguem libertar e abrir certas mentes. Pessoas que estão afundadas na lama da criminalidade, futilidade, ignorância social, conseguem reeguer-se e produzir algo de bom em suas vidas. Produzem e disseminam algo prazeroso, bom, agradável. Como podem, pessoas que sempre exerceram o mau e tão próximas da violência, drogas e deturpações do viver social, se tornarem amáveis e se respeitarem? Isso é um Milagre?

Certamente irão dizer ser obra de Deus. E por mais que os Ateus neguem, Ele faz muito bem as pessoas. Mesmo não acreditando na sua onipotência, vejo que sem sua presença, o caos e a depressão reinariam. Onde se buscaria a força? O consolo? O Perdão? A quem recorrer?

Deus é uma criação da Humanidade. É como a tribo Azande, do interior da África, atribui acontecimentos à feiticeiros, ou como os Japoneses da era feudal proferiam diante de situações inevitáveis e de tristes fins: “É Karma”, é a vida, foi como Deus quis, ocidentalmente falando.

A ciência caminha para a independência. No entanto, lá no fundo de meu pensamento me pergunto se a verdade nua e crua deixará o Homem infeliz.

Como mencionado anteriormente, o caos pode prevalecer em virtude da falta de um símbolo capaz de reter as lamúrias de milhares de religiosos. O Homem facilmente se tornará depressivo e revoltoso. Certamente procurará uma alternativa para eliminar sua ansiedade e desconforto. É onde aparece a Psicologia!

O homem descobrirá que o poder da mente é tremendamente poderoso, capaz de nos solucionar problemas extremamente complexos e quem sabe um dia curar doenças como uma gripe sem a necessidade de ingerir medicamentos. Apenas com a força da mente, conseguirá ignorar o frio mesmo estando nú. Grandes cientistas como Einsten, afirmaram o cérebro humano ser uma grande potência adormecida. Acreditava-se que não usamos nem 10% de nossa capacidade encefálica.

Acompanhei durante alguns meses, um grupo de jovens que pregava as palavras da Bíblia. Diferentemente de outros cultos por mim já vistos, esse tinha algo realmente interessante. Eles não liam apenas, mas "cantavam" os versículos. Seus integrantes eram todos cantores de rap, e sua grande maioria, ex-presidiários.

Assistindo ao culto, o rapper pregador se referiu à Deus de uma forma que me chamou a atenção. Ele disse:
“Você pode enganar ao Pastor, mas não pode enganar a Deus”

Essa frase é interessantíssima. Nesse caso, ele se referia à pessoas que fingem entregar-se a Deus, simulando na frente do pastor, a fim de obter vantagens com a suposta devoção. Porém, segundo ele, Deus seria capaz de de “ver” dentro de você seu real sentimento. Não basta demonstrar paixão ao Divino, é necessário sentir. Isso é um preceito básico da Psicologia!

Existem inúmeros pacientes fazendo sessões de análise com uma grande dificuldade de serem felizes. Muitos dizem se esforçarem para sorrir e serem simpáticos. Procuram várias maneiras de aparentarem felicidade. Poucos sabem que passam a vida inteira fingindo.

E se, naquela frase do trovador, trocássemos “Deus” por “si próprio”? O que aconteceria com o sentido da frase?
“Você pode enganar ao pastor, mas não a si próprio

Os únicos capazes de saber qual sentimento estamos escondendo, somos nós mesmos. É visível a vontade do homem em querer acreditar em Deus. Por não conhecer as funções internas da cabeça, seus impulsos, pensamentos, desejos, e para não ficar à deriva sem respostas, o senso comum rapidamente cria algo para justificá-lo. A primeira ideia sempre é a mais distorcida. Cabe a ciência analisá-la e decifrá-la sistematicamente em busca da real verdade.

A presença Dele no cotidiano do ser Humano é a forma encontrada para amenizar seus aflitos. A conversa com ele corresponde à reflexão. Isso é muito difícil de compreender e explicar atualmente, pois a humanidade ainda não tem conhecimento pleno do funcionamento do cérebro. As explicações da existência de um subconsciente capaz de pensar coisas que não queremos e desprezamos, ainda não são suficientemente satisfatórias. Pelo contrário, são ainda incipientes, estão germinando, falta muito ainda para se obter algo científicamente comprovado e claro.

O homem está em plena transição. Ele está saindo de um estágio animal, de costumes e comportamentos instintivamente irracionais e está se dirigindo para a formação de um grande ser, capaz de controlar seus impulsos e dominar o meio exterior por meio da mente. Basta acompanhar os últimos anos da história do homem, retornando ao homem pré-histórico. De lá para cá, suas mudanças foram imensas, mas o que mais se destacou foi o aumento da massa encefálica, provocando uma grande diferença entre ele e os demais animais.

* Eu me atrevo dizer que Deus está com seus dias contados. A humanidade não mais se contentará com seus dizeres e feitos. Logo, tornar-se-á insuficiente para o desenvolvimento intelectual humano. A Bíblia quando atentamente lida, fará com que as pessoas se perguntem se aquilo realmente é possível de acontecer. Isso ocorrerá quando a sociedade for mais justa e estável, não sendo mais necessário seu suporte básico de consolo. Talvez surja outro mais complexo, outro ser Divino com outra estória messiânica de salvação. Quem sabe?

3 comentários:

  1. "A tolerância é a melhor das religiões".
    (Víctor Hugo)

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  2. B R A V O ! !! !!!

    Fucking indeed !!!

    Cara exatamente o que eu penso, apesar de que você mostra valores muito claros entra o bem e o mal que na verdade são totalmente realtivos. Anyway ficou muito bom, realmente o que eu penso. Quando votares pro Brasil agente precisa ter umas conversas =P

    See ya...

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  3. Prezado Cata Entulho,

    Concordo em parte com seu texto. Mas minha principal discordancia é na definição de bem e mal.
    Não exite bem e mal, isso é apenas um juizo de valor adotado pelo adotado por cada um de nós. Para o leão ele é o bem, que tem que matar a zebra para alimentar sua matilha. Mas para a zebra ele é o mal que destroi sua manada. Ou Hitler, que achava que fazia o bem. As pessoas não são como um romance romântico (novelas em geral) onde há sempre um mocinho e um vilão, todos os seres são podres e generosos por dentro.

    cordialmente,

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